Olás!
Hoje eu quero compartilhar com vocês um encontro que eu tive ontem... Estava caminhando um pouco na praça da liberdade (lugar que não perde o seu encanto pra mim, nunca!) e derrepente eu vejo uma pessoa conhecida, não sabia muito bem de onde, mas logo me lembrei... Ele não se lembrava do meu nome, mas tentou a todo custo se lembrar do meu signo (e não é que acertou... rs). Essa pessoa estava sentado na escada do coreto com um amigo tocando violão e conversando, parei para conversar com eles um pouco e foram momentos muito agradáveis, rimos muito, cantamos, ouvimos as poesias que ele faz... Que coisa boa encontrar as pessoas despretensiosamente e poder ficar um tempo batendo papo e desfrutando da companhia, sem medo, sem grades...
Mas você deve estar se perguntando qual a minha intenção ao falar desse encontro, né? Ou não... rs
Mas eu estou compartilhando, pois essa pessoa que eu encontrei na praça da liberdade tocando violão é um usuário da rede de saúde mental de Belo Horizonte, boa parte da sua vida ele passou e ainda passa em serviços de saúde... Compartilho isso, pela minha alegria de vê-lo fora deles vivendo a sua vida, tocando o seu violão, rindo... Nós, que trabalhamos com saúde mental, muitas vezes nos acostumamos a ver as pessoas só dentro dos hospitais, ou nos CERSAM'S (centro de referência em saúde mental)... Eu, especificamente, que trabalhei um tempo em hospital psiquiátrico, não encontro a grande maioria dos pacientes fora de lá.
Mas, é muito bom encontrá-los, poder conversar sem reservas, sem portas de ferro e jaleco nos separando, simplesmente ao ar livre, na praça da LIBERDADE. Nós fomos acostumados a lidar com as pessoas pelo rótulo, somos vistos mais pela nossa etiqueta do que pelo que nós somos mesmo... Se isso acontece de uma forma muito natural na sociedade, imagina com a loucura e todo o seu histórico!
A quase 3 décadas se iniciou na sociedade um movimento chamado "Luta Antimanicominal" que luta pelo fim dos hospitais psiquiátricos e pela substituição pelos serviços de assistência-dia. Esse movimento proporcionou uma liberdade maior e dignidade para os usuários dos serviços de saúde mental e deu oportunidade para que desenvolvenssem o seu potencial de uma forma mais plena. Eu, gosto muito desse movimento, mas acredito também que necessitamos de serviços de internação para os momentos de crise aguda, com internações curtas e com um trabalho de integração com os serviços de assistência-dia. Mas estou dizendo da "Luta Antimacominal" para falar que sem ela, talvez eu não pudesse encontrar com essa pessoa na rua tocando o seu violão...
Esse texto de hoje é pra mostrar no quanto eu acredito nas pessoas e no seu potencial, apesar de qualquer diagnóstico... Eu encontrei com uma pessoa ontem, humana, sensível, alegre... E dizer que foi muito bom encontrar com ele!
Pra terminar vou colocar um poema dele aqui:
Rumo bandeirante
"Minha vida é abrir caminhos carinhos
Quero arte não desastres
sou um pouco sozinho
Impulsos estradas e bandeiras
Liberdade para a arte
A arte da liberdade
Vamos abrir estradas camaradas
Artistas contentes
Bandeirante multicor
A maior lei é a do amor"
Frederico Eymard
Abraços!
Realmente querida Márcia, nada mais delicioso que presenciar isso!!! deve ter sido muito mágico o momento... quero combinar a pça da liberdade com vc querida! parabéns, mais uma vez seu texto lindo me tocou fundo =o)
ResponderExcluirbeijo no coração, saudade!