quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DIAGNÓSTICO

Diagnóstico...

O que quer dizer essa palavra?

Vem do latim: [dia="através de, durante, por meio de"]+ [gnosticu="alusivo ao conhecimento de"], conhecer através de...
Segundo o Aurélio, é a arte de conhecer a doença através de seus sinais e sintomas.


Essa palavra é muito conhecida de todos nós, desde sempre ouvimos os médicos falando sobre diagnóstico, sobre ter que definir, nomear uma doença para que o seu tratamento seja o mais indicado, mesmo porque é complicado se programar um tratamento sem saber de que doença se trata. Essa é a função estrita do diagnóstico.



Mas eu queria falar de uma outra função que ele exerce, principalmente quando estamos lidando na área da saúde mental. Que é quando o diagnóstico vira um rótulo, quando usamos o diagnóstico como definição para a pessoa. Tanto quando fechamos a pessoa naquele diagnóstico, como quando não olhamos pra ele e, assim, não o consideramos.


O diagnóstico, a doença, o sintoma, nos dizem algo, eles nos mostram que em algum momento da nossa vida tivemos que usar uma "bengala", tivemos que nos apoiar em algo para que déssemos conta de uma dificuldade ou fragilidade que nos acometeu. Claro que é bem melhor quando usamos outros tipos de ajuda, ou quando conseguimos enfrentar as dificuldades sem criar sintomas. Mas, se os criamos, ele tem uma razão de existir, então devemos olhá-los e tentar ouvir o que eles nos dizem.


Mas, por outro lado, o diagnóstico não nos define, não nos rotula... Ele nos diz algo de nós, nos aponta como estamos levando a nossa vida, mas ele não diz quem somos nós. Independente do tipo de diagnóstico que as pessoas possam ter, com certeza elas são bem maiores do que o diagnóstico diz delas. 


Gosto de pensar no diagnóstico como o "conhecer através de" não é conhecer só a doença e ver se a pessoa se encaixa nela, ou então ignorar a doença e tentar olhar "só para a pessoa". Temos que encontrar o caminho do meio, vamos olhar para a pessoa que tem aquela doença, naquele momento da vida dela, a doença faz parte e não está ali atoa, tem um sentido. Mais uma vez, devemos perguntar o que ela quer nos dizer. Aceitá-la como parte do processo e lidar com ele considerando exatamente o seu tamanho (nem mais, nem menos) nos ajuda a ser mais inteiros e nos conhecermos melhor... Vivendo de uma forma mais integrada!


Pra finalizar vou citar um trecho do livro "Manual de Psicologia Hospitalar" de Alfredo Simonetti, sobre diagnóstico, que eu gostei muito...


"Em medicina, diagnóstico é o conhecimento da doença por meio de seus sintomas, enquanto na psicologia hospitalar o diagnóstico é o conhecimento da situação existencial e subjetiva da pessoa adoentada em relação com a doença. Sendo assim, na psicologia hospitalar não diagnosticamos doenças, mas o que acontece com as pessoas relativamente à doença e ele, o nosso diagnóstico, não é expresso em termos de nomes de doenças, mas sim por uma descrição abrangente dos processos que influenciam e são influenciados pela doença. Não oferecemos rótulos, mas sim uma visão panorâmica."


O papel da psicologia, é junto com a pessoa, ajudá-la a desenhar esse panorama. É caminhar junto, é acompanhar, no seu ritmo, no seu tempo... em cada passo que ela conseguir dar.


Abraço!

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